Quantas ideias eu já tive e não coloquei em prática. Na verdade, quantas ideias brilhantes e revolucionárias eu já tive, porém nunca as coloquei em prática. Eu não sou especial, longe disso, só quero dizer que eu já tive ideias, muitas ideias, e tenho certeza que você também já teve as suas. Então, o que nos faz deixá-las morrerem na praia, órfãos, sem pai nem mãe?
A criatividade de uma criança abre e fecha portas
Quando criança tendemos a ter inúmeras ideias que surgem com uma facilidade enorme e independente da qualidade delas, se são estúpidas ou brilhantes, a gente sempre trata de colocá-las rapidamente em prática — por exemplo, se pensamos “hmm... comer terra deve ser interessante” a gente simplesmente vai lá e come.
É claro que pelo fato de termos pouca experiência de mundo nessa idade, a gente acaba por não conhecer muito bem quais consequências tal ideia pode gerar e assim, muitas vezes, ela pode se tornar uma ideia fatal — experimente deixar uma criança sozinha por muito tempo… ela vai arrumar um jeito muito engenhoso de se matar.
Relaxa, não estou aqui para falar de suicídio infantil — pesado isso, eu sei — só estou querendo demonstrar que ao amadurecer, passamos a entender que nossas ideias nem sempre serão muito bem recebidas, ou pior, podem até mesmo serem desastrosas para nossas próprias vidas.
Diante disso, nós começamos a construir uma espécie de medo. Medo do que os outros vão dizer a respeito da nossa ideia, medo de que ela pode não dar certo, medo de que ela possa ser, na verdade, um tremendo de um erro.
Ok, isso não é tão ruim, até porque o medo é um mecanismo de sobrevivência, portanto ele nos ajuda a sobreviver dentro da sociedade — literal e figuradamente. Entretanto, viver como um adulto medroso e submisso às convenções sociais é a mesma coisa que matar aquela criança criativa e destemida que existe dentro de nós.
O jovem adulto que escuta vozes em sua cabeça
Hoje em dia o que mais se vê por aí é aquele jovem adulto cansado com 25 anos, mas que já aparenta ter mais de 65 — não me excluo disso. E não poderia ser diferente, pois se tornar adulto em um mundo que parece que tudo já foi testado vem para nós de brinde vozes “experientes” que nos dão instruções sobre tudo aquilo que devemos fazer:
“Vá para escola e estude que você terá um bom emprego.”
“Vá para a faculdade e conquiste um diploma que você terá um bom salário.”
“Trabalhe muito e dê duro que você conseguirá comprar a sua casa e o seu belo carro.”
É…
Mal sabem elas (vozes) que a educação tradicional parou no tempo e que ainda insiste em ensinar ofícios que não se aplicam mais.
Mal sabem elas que o preço de uma casa e de um carro são tão astronômicos comparados ao salário médio atual que para tê-los é necessário se comprometer com uma dívida quase que infinita.
Colocando ideias toscas e feias em prática
Talvez a melhor ideia que podemos ter é nos desvencilhar das convenções sociais e começar a colocar em prática as nossas próprias ideias.
Beleza, vai surgir o medo da rejeição? — Vai.
Também vai surgir aquela insegurança padrão? — Com certeza.
Porém, a vida é muito curta para deixarmos de lado nossas ideias e seguir somente o modelo imposto pelos outros.
Podemos, por exemplo, pegar emprestado da área de tecnologia um conceito chamado de MVP (mínimo produto viável, do inglês) — que é muito bem ilustrado no livro A Startup Enxuta de Eric Ries —, onde se faz um produto tosco, feio e cheio de defeitos, porém funcional.
O intuito de um MVP é simples: colocar a ideia na prática o mais rápido possível e com um custo drasticamente reduzido, diminuindo, assim, consideravelmente os riscos.
Essa é uma boa maneira para começarmos a testar nossas ideias — seja ela um produto ou o que quer que seja — e ver como ela realmente funciona fora de nossas cabeças sem ter que se preocupar demais em cometer alguns muitos erros.
Erros são muito bem vindos, pois são uma ótima fonte de aprendizado. Se não estamos errando com frequência, então não estamos sendo ousados o suficiente.Posso até ser um retardado, mas sou feliz
Vivemos em um mundo dominado pelas redes sociais, onde as pessoas se sentem na obrigação de compartilhar quase tudo aquilo que fazem por uma miserável busca de migalhas de aceitação social — nem vou me estender muito nisso, pois é assunto para um outro texto.
Esse cenário absurdo desperta aquelas preocupações do tipo:
“O que os outros vão pensar de mim?”
“Será que eles estão me chamando de retardado pelas costas?”
E nos lança um medo colossal na hora de expor nossas mais íntimas ideias.
Porém, cá entre nós, a grande maioria das pessoas não estão nem aí para o que a gente está fazendo, elas estão, na verdade, muito mais preocupadas com elas mesmas — e se caso notarem alguma coisa nossa, amanhã elas já esquecem.
Portanto, o que importa mesmo é seguirmos em frente e colocarmos nossas ideias em prática, independente do que os outros vão falar, independente se será um erro ou não (e pensando assim eu escrevi esse post).
Tudo valerá a pena se estivermos felizes durante o processo.
Um abraço para aqueles que gostam de procrastinar. Eu entendo vocês 🫠
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