O que seria uma vida bem sucedida? Ter uma bela casa com quatro quartos e dois banheiros na avenida mais nobre da cidade? Ou então finalmente poder estacionar o seu carro esportivo e luxuoso naquela vaga reservada para diretores na multinacional em que trabalha?
Bom, para muitos, qualquer um desses dois exemplos já deixa subentendido de que se tem uma vida bem sucedida, repleta de status, regalias e respeito por aqueles que o admiram.
Mas será mesmo?
E se dentro daquela bela casa as paredes contassem uma história repleta de brigas de um casal em crise que mal se vê durante todo o dia? E se a rotina do diretor na empresa fosse uma tortura tão deprimente a ponto de ele querer retomar o seu sonho adolescente de ser um surfista?
Bom, acho que agora, para muitos, esta não seria mais uma vida tão bem sucedida assim, né?
Quem não dança segura a criança
Já parou para pensar que somos doutrinados desde a infância a nos dedicarmos no presente a fim de atingir um suposto sucesso no futuro? Parece que fomos convidados a entrar numa dança e ter que seguir os passos sem ao menos questionar a coreografia.
Vamos lá!
Passo 1: Se dedique à escola, não para alimentar a sua curiosidade, mas sim para passar no vestibular;
Passo 2: Mergulhe de cabeça na faculdade, mas lembre-se que o importante mesmo é só o diploma;
Passo 3: Dê um giro reverso duplo pelas entrevistas de emprego e depois um salto mortal para cair na vaga (movimento importante)...
...E continue na dança da dedicação que agora é voltada a conquistar aquela tão sonhada promoção. Tuts, tuts, tuts… 🎶🕺🤸♀️
Tá, até aí tudo bem — quem não quer subir degraus na vida? Porém há um grande problema nisso tudo… o sucesso passa a ser tratado como um futuro troféu brilhante que está sempre fora de alcance — principalmente para os péssimos dançarinos — e o presente acaba por se tornar apenas uma preparação para poder conquistá-lo.
Nesta dança da dedicação a atração principal está no futuro, sendo que o palco da vida acontece no presente.Se a minha vida fosse um filme eu não teria assinado o roteiro
Certa vez eu me fiz uma pergunta perturbadora: será que eu realmente faço as minhas próprias escolhas de vida ou elas já foram pré-definidas pela cultura onde estou inserido?
Acho que, possivelmente, há agentes externos que, se quisessem, poderiam reivindicar com tranquilidade a autoria de “minhas próprias escolhas” e nem sei, também, se a visão que tenho de uma vida bem-sucedida seja de fato minha.
A tendência da sociedade de hoje é querer generalizar tudo e tornar abstrações conceituais em verdades universais que, para ela, deveriam funcionar para todo mundo.
“Ah, a felicidade é isso aqui — você quer para si? Então faça isso e aquilo.”
“Ah, o sucesso é isso aqui — você quer atingir? Então se dedique a isso e aquilo.”
Ironicamente, a massa às vezes esquece que é formada por indivíduos — ela simplesmente esquece que nem tudo é igual para todo mundo.
Quando se abrem as cortinas nem sempre vemos o que queremos
Pois então, será mesmo que o conceito de vida bem sucedida que buscamos com tanto empenho — alguns nem tanto — é, de fato, a nossa real vida bem sucedida?
Será que essa busca incessante pelo sucesso, que aparentemente está sempre no futuro, é algo que deliberadamente escolhemos fazer?
Será que o resultado final — morar em uma bela casa, ter um luxuoso carro e um alto cargo invejável, mesmo que por de trás das cortinas exista um casamento em crise e uma rotina insuportável — é o que realmente queremos?
A verdade é que o meu conceito de sucesso não é o mesmo que o seu e o da sociedade não representa o de nenhum de nós.Bom, é de se repensar se uma vida bem sucedida deve estar ligada somente ao resultado final de um processo e não no próprio processo em si.
Dar o devido valor ao presente e construir nele experiências bem sucedidas é o que deveria ser a nossa verdadeira busca incessante — pelo menos para mim —, pois o resultado final não vai ser saboroso o suficiente se a busca por ele for completamente amarga.
E segue a dança da dedicação... tuts, tuts, tuts 🎵💃
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